Stories from the Rush - The Beginning
There's a voice inside the chaos. You just need to move to hear it.
Marcello Simões
10/14/20255 min read


Meu nome é Marcello Simões, e talvez essa história comece antes mesmo de eu entender o que era o esporte de verdade.
Desde moleque, eu já buscava movimento. Corria, pulava, caía, levantava. Não porque alguém mandava, mas porque algo dentro de mim dizia que ficar parado nunca seria opção.
O esporte, pra mim, sempre foi mais do que performance.
Foi a forma mais honesta de entender o mundo e de me entender.
Skate, rua e liberdade
Cresci fissurado por skate.
Assistia a todos os X-Games, gravava as fitas, copiava manobras, sonhava em viver aquilo um dia
(o que definitivamente não rolou haha).
Quando comecei a andar pelas ruas de São Paulo, o skate virou meu passaporte pra liberdade e para um novo mundo.
Anos depois, conheci o Finha, da Real Família Crew, e pude ver de perto o trabalho dele na Prafinha, um projeto que transforma a realidade de crianças através do esporte.
Foi ali que entendi, pela primeira vez, que o esporte tem o poder de transformar.
Na época, eu ainda não compreendia tudo isso, só sabia que existiam caminhos.
O tatame, a dor e a disciplina
Com 14 anos, o skate abriu espaço pra algo que moldaria o resto da minha vida: o Muay Thai.
Treinava na Macaco Gold Team, com o mestre Marcos Tragante, o cara que, até hoje, mais de 20 anos depois, continua me ensinando muito além da arte marcial.
Ali aprendi o verdadeiro significado de disciplina e comprometimento.
Na mesma academia, o boxe apareceu com os mestres Messias e Jefferson Loya, dois nomes que respiravam respeito e paixão pelo esporte.
E o Jiu-Jitsu veio com Jorge Patino “Macaco”, uma lenda viva do Vale Tudo, linhagem direta da Chute Boxe e com o Mestre Eduardo Santoro, O Português.
Esses mestres moldaram o que eu chamo de caráter de luta.
A luta me mostrou que dor e superação caminham juntas, que a mente precisa ser tão forte quanto o corpo, e que, no fim do treino, o verdadeiro aprendizado vem quando você agradece pela possibilidade de estar ali mais um dia.
Aquele era o meu templo. Aquele era o meu equilíbrio.
O distintivo, o peso e a missão
Com 19 pra 20 anos, veio outro tipo de chamado: a Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Passei no concurso e mergulhei em um mundo onde a disciplina não era mais escolha.
Era sobrevivência.
Quase dez anos de operações, investigações e rotina intensa, onde o erro podia custar caro.
O concurso, no entanto, me exigia algo que eu não tinha: resistência de corrida.
E foi aí que o esporte me mostrou mais uma vez o poder de abrir caminhos.
Pra me preparar, comecei a frequentar o grupo de corrida de rua criado por um grande amigo,
o Poldinho.
O grupo se chamava Outra Fé, e muito antes dos grupos de corrida virarem tendência, ele já estava lá, abrindo caminho.
Junto com com alguns amigos, o Poldo foi pioneiro a fomentar essa cultura de correr pelas ruas com propósito e dominar o espaço.
E foi com ele que eu aprendi a correr de verdade e a entender que correr é expressão.
Hoje, correr se tornou uma paixão.
Corro em trilhas, em montanha, em asfalto, em viagens.
Domingo de manhã, muitas vezes, eu só saio. Sem destino, sem música, apenas eu comigo mesmo.
Porque correr, pra mim, é a forma mais pura de explorar o mundo e colocar a cabeça no lugar.
Na polícia, além do suor, veio também a fotografia.
Eu já fotografava profissionalmente, mas ali tive a oportunidade de registrar a realidade sob outro ponto de vista.
Cobri manifestações, Black Blocs, o “Não Vai Ter Copa” em 2014, e muitas outras cenas intensas daquele período.
Essas imagens me ensinaram sobre caos, emoção e verdade.
E tudo isso - o treino, a rua, o clique, o risco - foi o combustível que mais tarde alimentaria o nascimento da Adrenaline116.
A queda livre e o silêncio
Em 2020, o mundo parou.
Pandemia, lockdown, incerteza.
Mas o céu me chamava fazia tempo.
Desde moleque, eu amarrava sacolas de mercado nos bonequinhos e jogava da janela, imaginando como seria pular de paraquedas.
Naquele agosto, decidi descobrir.
Fiz o curso AFF, e no primeiro salto, entendi tudo: o ar rasgando o rosto, o corpo flutuando,
a mente vazia, e a alma gritando.
Aquilo era o que eu sempre procurei: liberdade com propósito.
Hoje, são mais de 700 saltos.
Virei coach pela USPA (United States Parachute Association), e o paraquedismo se tornou
uma filosofia.
Cada salto é uma lição sobre medo, controle e entrega.
Aprendi que o verdadeiro silêncio, aquele que revela quem você é,
só aparece quando você se joga.
Adrenaline116: o movimento
Foi ali, entre o barulho do vento e o silêncio do céu, que nasceu a Adrenaline116.
Um nome que carrega energia e propósito.
O “1” é o começo, o “11” é o despertar, e o “6” é o equilíbrio.
Juntos, formam o código do movimento: adrenalina, consciência e conexão.
A Adrenaline não é só um canal.
É um catalisador.
Um espaço onde nós - atletas, criadores, sonhadores, compartilhamos o mesmo combustível: o desejo de sentir a vida com intensidade.
Queremos mostrar que o esporte vai além da performance.
Ele é ponte entre mundos, entre o trabalho e a rua, entre a cidade e a montanha, entre a mente e o corpo.
É através dele que a gente encontra o caminho do meio.
Nós acreditamos que o esporte é ferramenta de transformação.
Que ele abre portas, conecta pessoas e cria oportunidades.
As histórias que queremos contar são reais, vividas, suadas.
São histórias de quem cai, levanta, voa, cria.
Histórias de quem sente.
Stories from the Rush
O blog Stories from the Rush nasce como extensão desse propósito.
“Rush” é o momento entre o medo e a coragem, onde o coração acelera, a mente silencia e tudo parece possível.
É o estado de presença total, aquele instante onde o corpo reage e a alma desperta.
Aqui, vamos contar histórias de atletas, crews, projetos e pessoas que vivem o esporte como estilo de vida. Não como performance pra mostrar, mas como uma forma de se encontrar.
A ideia é compartilhar conhecimento, cultura, viagens, arte e filosofia, celebrando o que há de mais puro na energia do movimento.
Assim como no YouTube, o blog é o nosso diário aberto.
Cada post é uma conversa, um registro vivo de quem acredita nesse estilo de vida.
Queremos que cada leitor sinta que faz parte disso. Porque faz.
O que nos move
A Adrenaline116 é mais do que uma marca, é um manifesto vivo.
É a soma de tudo que aprendi no tatame, nas ruas, nas investigações e no céu.
É a tradução da vida em movimento.
Nós não buscamos o perigo.
Buscamos o estado de presença que só o risco desperta.
Aquele momento em que tudo desaparece, e só sobra você, o ar e o agora.
Esse é o sentimento que queremos espalhar.
Não pra vender uma ideia, mas pra despertar uma.
Pra que cada pessoa encontre sua própria forma de cair e se reerguer.
Porque, no fim, o que nos une é simples:
a vontade de viver de verdade.
Feel the Rush.
— Marcello Simões, idealizador da Adrenaline116
